- As Noções Comuns
Essas são noções
comuns com as quais todos os homens, se lhe interroga corretamente, se mostram
de acordo e não há como ir contra elas: que as divindades são boas, livres de
paixões e livres de alterações e não recebem nenhuma influência da matéria. Somente
um louco, mergulhado em suas próprias fantasias, se oporia a essa verdade.
- A Essência dos
Deuses.
As Essências dos
Deuses sempre existiram. Os Deuses não são formados por corpos, nem estão
contidos no espaço. E quando nos corpos, não estão contidos neles.
Os Deuses rodeiam o
Principio Inefável de todas as coisas de modo permanente e estão constantemente
unidos a ele e uns aos outros, do mesmo modo que os pensamentos não estão
separados do intelecto nem os atos de conhecimento estão separados da alma, nem
as sensações do ser vivo.
- As Ordens dos
Deuses.
Entre os Deuses, um é
o Espírito ativo, a Força ou o Fogo de toda a Natureza, outro a Fonte passiva e
o Oceano do Ser, que é a Alma da Natureza. Um tece a teia do destino, outro é o
dínamo que gira a roda do destino. De um é o caldeirão da transformação, o vaso
no qual toda a criação acontece; o outro é o fogo transformador.
A um vós conheceis
como a Deusa Tríplice, que é a própria Alma da Natureza. Dela todas as coisas
vêm e para Ela todas voltam; ardente, amorosa e implacável. Ao outro conheceis
como o Deus de Chifres, que é o Antigo, o mais antigo dos deuses, o Deus Duplo
da Vida e da Morte. Senhor da renovação e da natureza selvagem.
O Deus é onipotente e
a Deusa é onisciente, porém, Ele coloca seu poder aos pés Dela, e Ela da sua
sabedoria a Ele. Eles são o poder supremo acima de qualquer outra coisa. Juntos
eles são a totalidade, o Duo Divino que vive na Natureza e se manifesta no
cosmos, através da dança dos opostos complementares.
São duas divindades
primais cuja dança cósmica das Polaridades e atração mútua criam e expandem o
universo como manifestação. A natureza dual da Divindade implica na recriação
terrena dessa atração cujas características podem ser percebidas por qualquer
observador imparcial. Podemos ver sugestões de tudo isto em todas as coisas;
macho e fêmea, vida e morte, noite e dia...
Enquanto estes dois
possuem o universo no sentido primário, deveis considerar que os outros Deuses
estão contidos neles, do mesmo que os dedos dos pés são um pequeno aspecto do
corpo do homem.
- A postura correta
diante dos Deuses.
A postura que deves
ter diante dos Deuses é a de que Eles são aliados benevolentes dos mortais, de
que não é preciso temê-los, e sim respeitá-los, e que ambos, Deuses e homens,
são parceiros na manutenção da criação. Vós deveis encarar os Deuses com honra
como um filho diante de pais que se orgulham dele. Isso sempre foi assim e
sempre vai ser. Essa é a postura que deve permear a vida dos justos e
conscientes, e os que regulam a sua conduta de acordo com regras e limites. Os
Deuses devem ser tratados com reverencia, nenhum mal deve ser feito e a honra
deve ser preservada.
Infelizmente os
mortais, por causa da imperfeição de suas almas, freqüentemente caem no erro da
superstição, que é a crença de que os Deuses são vingativos ou invejosos, e
acabam adotando um comportamento servil excessivo que se destina a apaziguar a
ira dos imortais. Como se os Deuses pudessem ficar irados! Vós deveis abominar
a superstição. Deveis fugir dela!
- Sobre a existência
dos Mitos
Há a primeira
vantagem dos mitos, a que temos que buscar e não deixar as nossas mentes
ociosas. O fato dos mitos serem divinos pode ser observado através daqueles que
os usaram. Os mitos foram usados por poetas inspirados, pelos melhores
filósofos, por aqueles que estabeleceram os mistérios e pelos próprios deuses
nos oráculos.
Ensinar a todos toda
a verdade sobre os Deuses, produz desprezo nos tolos, porque não podem
compreender, e falta de zelo nos bons, enquanto disfarçar a verdade por meio de
mitos, sujeita à distinção entre o dizível e o indizível, o revelado e não
revelado, aquilo que é claro e aquilo que está escondido, evita o desprezo dos
tolos e compele os bons a praticar a filosofia.
- Porque há homens
que rejeitam os Deuses Imortais.
O fato de os Deuses
serem rejeitados em certas partes da Terra e irão sempre ter lugar no futuro,
não deve te incomodar, porque estas coisas não afetam os Deuses, do mesmo modo
que o culto não os beneficia. Não é inverossímil supor que a rejeição da
Divindade seja uma forma de castigo: podeis bem acreditar que aqueles que
conheceram os Deuses e Os negligenciaram, podem noutra vida ser privados do
conhecimento Deles por completo. Também aqueles que adoraram os seus próprios
reis ou sábios como se fossem Deuses, mereceram como castigo perder todo o
conhecimento da Divindade.
Fonte: Devocionário
Wiccano